terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Sobre os pequenos detalhes


Tentei desligar a luz interna do espelho do banheiro, enquanto segurava um livro (O vendedor de passados, de José Eduardo Agualusa), gesto que nunca havia feito. Resultado: Não conseguia apagar, até que tive que trocar o livro de mão, olhar para o botãozinho (que na verdade está mais para uma pequena alavanca) para só então perceber que para ser desligado, ele deveria ser empurrado da direita para esquerda.

Há quantos anos repito esse gesto (sem o livro, que fique claro), de ligar e desligar a luz e nunca havia reparado neste detalhe ?! A ponto de não saber responder, caso alguém viesse me visitar e me perguntasse: _ Pra que lado se move a pequena alavanca quando você quer desligá-la? (É óbvio que isso nunca vai acontecer, mas caso aconteça, agora já sei!).

Na verdade só usei esse 'causo' porque foi o que me fez refletir sobre essa questão de nos tornarmos mais atentos aos detalhes à nossa volta. Quantas e quantas coisas vamos automatizando à nosso redor, sem ao menos nos apercebermos disso?

Outra experiência, que quem sofre do mesmo mal que eu vai entender, que me fez prestar mais atenção aos pequenos detalhes, foi a primeira vez que tive uma crise de dor na coluna, em que eu não conseguia ficar de pé, sentado, abaixado e só o que me restava, para sentir um pouco menos de dor, era ficar deitado.

Mas mesmo deitado, quando estamos com muita dor, temos que mudar de posição e a cada virada ou mexida, por mais boba e sutil, eu ia "à lua" - pra usar uma expressão comum a quem já passou por qualquer dor aguda. Mesmo não querendo você começa a perceber, por exemplo, que partes do corpo você tem que movimentar, ainda que com cuidado, para mudar de posição ou até levantar, de forma que sinta o mínimo de dor possível. Você descobre que se apoiar em locais de sua casa que você nunca nem chegou perto, pode ser alternativa interessante para te ajudar a se locomover.

Yochi Oida - Ator e Teórico Japonês - descreve em sua obra "O Ator Invisível", a importância de redescobrirmos pequenos detalhes, usando o exemplo do espadachim ou samurai, que descobre que o simples fato de fechar com mais força o dedo mindinho ao segurar o cabo da espada, fortalece e dá mais segurança à sua empunhadura. Curioso que sou (digo, cientista, pesquisador) testei a mesma técnica no soco executado na prática do Karatê, para descobrir / constatar com muita alegria que realmente a técnica se aplicava também ao fechar a mão do Karatê.

Outro aspecto que podemos vislumbrar envolvendo essa questão dos detalhes e tem muito a ver com essa coisa de Natal, Ano Novo, reflexão e melhoramento de sua própria conduta moral, etc, é o quanto nossa vida corrida e frenética, aliada à uma quantidade absurda de estímulos externos, nos leva a ficar menos sensíveis aos detalhes de nossa própria vida, ou como algumas pessoas preferem: "Às pequenas coisas da vida".

Pode parecer bobo, piegas, mas creio que temos que resgatar cada vez mais a nós mesmos, nossa essência. Valorizar mais as pessoas e menos as coisas / objetos. Nos espiritualizarmos mais, no sentido do desapego material, da valorização da vida, das palavras e ações de bem e de tudo que nos traga paz e harmonia íntimas, não só alegria efêmera, momentânea e quase ilusória, de euforia barata.

Que o espírito do Natal possa nos envolver em bençãos de Luz, para que nos tornemos seres humanos melhores para todos os que estão à nossa volta.

"Fazer o bem sem olhar a quem" só é cafona para quem só pensa em si mesmo (que tem o umbigo como centro do universo, como bem diria Yemna), ou prefere ainda não olhar para o lado.

Estamos longe de vivermos numa sociedade justa. Então que comecemos por nós mesmos, pelos que estão perto de nós e claro, sem esquecermos os detalhes...e por falar em detalhes importantes: Nessa data celebramos o nascimento de Jesus, a fraternidade e o amor ao próximo :)

"Seja a mudança que quer ver no Mundo" já dizia "Grande Alma" Gandhi.

Feliz Natal!!!!!!!

sábado, 23 de novembro de 2013

A Diversidade Dentro e Fora do karatê: é necessidade do ser humano tentar padronizar o outro?

É interessante observar o quanto algumas pessoas insistem com veemência na atitude de padronizar (ou ao menos tentar padronizar) o comportamento, a vestimenta e (o mais perigoso) o pensamento do ser humano.
Será isso resquício de uma cultura militarizada-militarizante? Ou será que passa por uma insegurança psicológica (levando-se em conta a relação entre autoritarismo e insegurança)?
Ainda assim, pode-se observar também que todas estas tentativas de padronização são infrutíferas, se optarmos por sair dos aspectos superficiais e aprofundarmos um pouco mais, considerando não só o modo de vestir e falar, mas todo o comportamento que envolve o ser humano.
Por mais que se queira fingir que somos iguais, há uma gama de diferenças que não só podem ser consideradas muito positivas (tudo depende de sua visão de mundo: se você é um dos que deseja ver todos usando o mesmo UNIforme, provavelmente não verá muito de positivo nessas diferenças), como nos faz seres únicos, insubstituíveis, inigualáveis e por isso mesmo, fundamentais para construção de uma sociedade mais justa e que leve em conta a diferença como fator primordial para o entendimento do ser humano.
 Olhando mais especificamente para o caso do Karatê, onde há uma tentativa constante em incluir a atividade nos Jogos Olímpicos, uma série de medidas vem sendo tomadas ao longo dos anos pelas instituições internacionais, para que o “Esporte Karatê” se torne mais dinâmico, interessante tanto para o atleta, quanto para o público. Pode-se dizer inclusive que neste sentido tem-se alcançado algum êxito, considerando-se que as lutas de competição tornaram-se mesmo mais dinâmicas, ricas em termos de movimento e mais atraentes para o público (lembro agora do Pan Americano de 2007, no Rio de Janeiro, onde pude assistir e torcer muito para Juarez Silva, Douglas Brose, Lucélia Ribeiro, Carlos Lourenço, dentre outros, num ginásio lotado por um público em sua maioria de praticantes de Karatê).

Porém, por mais que se tente padronizar, seja porque motivo for, sempre haverá a sombra do fracasso. Por um motivo simples: É impossível! O que no caso do Esporte de massa se torna interessante, pois é justamente quem sai da padronização, ou seja, quem faz diferente dos demais, é que aparece para o grande público, tornando-se o “criativo”, “inovador”, etc.
No caso do Karatê de competição podemos lembrar de nomes como Douglas Brose (dentre outras coisas, campeão mundial em 2010), Lucélia Ribeiro (única mulher a conseguir ser Tetra campeã Pan-Americana), Ciça (Campeã Mundial em 2008) e até os internacionais Agayev, Piná, Valdesi (dentre tantos outros). Todos atletas de altíssimo nível, que treinaram exaustivamente suas técnicas, seguindo todo um padrão de treinamento. Mas seu diferencial, ou seja, o que os fez destacarem-se dos outros (que muitas vezes treinam tanto quanto eles), foi sua criatividade, sua capacidade de fugir do padrão na hora certa, seu improviso.
Podemos considerar até que uma coisa não é possível de existir sem a outra: para que alguém fuja de um padrão é necessário que o mesmo exista. E se todos começarem a fugir de determinado padrão, para mostrarem-se criativos, este acontecimento, por si só, também será um novo padrão.
Mas então, se sempre teremos um padrão presente, qual a importância em se querer que não sejamos padronizados?
Os padrões existem e fazem parte da natureza: todos os seres humanos respiram, veem, ouvem e falam utilizando-se dos mesmos meios, dos mesmos órgãos. Isso é um padrão natural. Porém, quando você treina um atleta para respirar “mais forte pela boca”, seguindo determinado ritmo, você está criando um padrão condicionado, que não acrescenta nada (ou muito pouco) à vida daquele sujeito, principalmente quando este condicionamento está relacionado com ganho de medalhas, moda do momento e / ou reprodução de um modelo de competição.
Ouvi muitas vezes o argumento de que o “karatê tem que ser um só. Enquanto estiver assim, cheio de estilos e federações, vai continuar dividido”. O que geralmente respondo a essas pessoas é que o Karatê já é um só e que não é o fato de terem diversos estilos, federações ou regras distintas, que fará com que ele torne-se mais de um.
O planeta Terra deixou de ser um quando se dividiu em cinco continentes? Cada continente possui sua língua, cultura e modos de vida distintos uns dos outros – sem dizer que dentro de um mesmo continente existem várias línguas, culturas e modos de vida diferentes – e a meu ver, uns tão importantes quanto os outros. E nem por isso o ser humano, espécie homo sapiens, deixou de ser um só. Magda Soares faz uma relação semelhante reportando-se à cultura e ao tratamento que damos ao diferente:
“O que se deve reconhecer é que há uma diversidade de “culturas”, diferentes umas das outras, mas todas igualmente estruturadas, coerentes, complexas. Qualquer hierarquização de culturas seria cientificamente incorreta” (SOARES, 2008, p.17).
Lembrando Funakoshi em “Karatê-Do – Meu Modo de Vida” (1975), ele nos diz que se for para falar em estilos, teremos que levar em conta que cada pessoa tem um estilo próprio, único, de forma que duas pessoas, mesmo que sejam “do mesmo estilo”, aprendem e reproduzem de modo diferente o que vivenciaram. E anos mais tarde ao serem perguntadas sobre o mesmo fato, é bem capaz de cada uma destacar um detalhe diferente, pois até a forma de viverem uma situação é diferenciada, individualizada.

Desta forma, querer padronizar o ser humano de maneira condicionada, será sempre um exercício vão, pois o mesmo sempre encontrará formas de se expressar autenticamente, unicamente e de um jeito que nenhum outro ser humano foi capaz de fazer.
Ainda assim, encerro este escrito com um cumprimento padrão: Osu! (Mas ao fazê-lo, fique a vontade para se inclinar mais ou menos, olhando para frente ou abaixando a cabeça. No fim, quem decide é você).

domingo, 6 de outubro de 2013



O Sentido de Ser Educador: pequenas coisas do dia a dia que te pegam de surpresa e fazem refletir.[1]
Marcel Cavalcante de Souza

Resumo

Ensinando meu filho a mexer no celular ou ainda explicando a ele o porquê da greve, resgato quase magicamente o sentido essencial que me levou a escolher essa profissão tão difícil e apaixonante ao mesmo tempo. Estar atento à curiosidade e necessidade do outro é um exercício fundamental, que o dia a dia massacrante da sobrevivência aliada ao estímulo ao acúmulo de bens, nos faz esquecer, coisificando o ser humano, tentando transformá-lo em homem-máquina. 

É preciso respirar fundo, rever convicções e lembrar o que te movia quando escolheu ser educador. Mais do que estar preocupado com conteúdos ou técnicas específicos, resgatar a sensação boa dentro do peito ao perceber que o educando compreendeu o que você disse. 

Várias são as pessoas que me influenciaram diretamente para eu me tornasse um educador. A primeira delas foi minha mãe. Lembro com carinho também de Sensei Pezão (meu professor de Karatê). Recordo outro mestre importante nessa ‘jornada pedagógica’: Professor Claudio Guiot-Rita. Foi meu professor de teatro no 2º grau (ensino médio) no Colégio Estadual Visconde de Cairu (Méier). Na faculdade também são muitos os mestres, mas se posso ter a ousadia (quase indelicadeza) de citar apenas uma pessoa, tenho que falar da Professora Doutora Ângela Bretas. Ao ingressar na Pós Graduação, tive mais uma vez a honra de ter ótimos professores. Impossível destacar apenas um. 



O interessante é que cada aprendizado que recebi, carrego comigo para minha práxis. Se hoje posso me considerar um cidadão crítico e participativo na sociedade em que vivo, devo muito a essas pessoas, sem menosprezar, claro, tantos outros (as), que direta ou indiretamente influenciaram-me como educador.





[1] Relato de experiência, reflexão, desabafo emocional? Não sei ao certo como definir este escrito, mas neste momento isso também não importa tanto assim.

OBS: Quem quiser ler o relato completo é só me avisar ;)

cavalcantedesouza@gmail.com  ou deixando um comentário ;)

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A Construção do Conhecimento com o Outro: Diálogo e Afetividade na Relação Professor-Aluno*



RESUMO AMPLIADO**

         Em 2010 escrevi um artigo intitulado “O Karate-Do e a Criança: A Importância da Ludicidade no Processo de Ensino-Aprendizagem.” O mesmo foi apresentado no evento denominado “Jornada Pedagógica”. Nesta ocasião, ao montar o “power point” para a apresentação do trabalho, não senti necessidade de utilizar fotos das situações vividas em aula. Quando descobri que este mesmo artigo havia sido aceito para ser apresentado na I Semana Acadêmica do IEF / UFF -2012, ao mesmo tempo em que fiquei feliz, me vi preocupado com o pouco tempo para me preparar. Após revisar o artigo diversas vezes e repassar a ordem de apresentação no “power point”, diferente do que ocorreu em 2010, senti que o trabalho estava incompleto, que faltava algo muito importante. Ainda diante deste pensamento, percebi que nada poderia ser mais representativo para expressar tudo o que queria dizer, do que acrescentar imagens daqueles que eu considero os grandes responsáveis por eu chegar a falar sobre o assunto: meus alunos. Então, imediatamente fui rever várias fotos que tenho guardadas em pastas no meu computador, passando em minha mente, em poucos segundos, por um filme de várias situações, dias marcantes, pessoas inesquecíveis e inevitavelmente, de pensar como estão estas pessoas hoje? O que estarão fazendo? O Karatê ensinado por este professor que vos fala realmente fez diferença na formação destas pessoas?  Perguntas essas que não precisam, necessariamente, serem respondidas; se considerarmos que o mais importante foi: a convivência e o aprendizado mútuo com essas pessoas. Não é um processo unilateral nem simples, mas dialético. Ensinar enquanto se aprende; aprender enquanto se ensina (FREIRE, 1987); tanto eu quanto os educandos fomos construindo pautados por nossa paixão pelo saber, pela troca, pela vontade de aprender mais, pelos laços afetivos formados durante o processo e em toda convivência no decorrer do ano letivo.


Essas pessoas, personagens, Personas (STANISLAVSKI, 1976), não passaram impunes em minha vida – ou será que fui eu que não passei impune na vida deles(as) ? – com certeza contribuíram para o meu ‘ser educador’ (ALVES, 1984), e agora nada mais justo que estarem juntos também na apresentação deste trabalho, que neste sentido, deixa de ser só meu e passa a ser deles(as), passa a ser nosso, porque:
“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais...” (ALVES, 1994, p.3).


         Este trabalho trata disso: do quanto é importante para nossa prática pedagógica e nosso crescimento humano, a presença da afetividade, do ouvir e se relacionar com o outro e mais: que não há conhecimento significativo sem a intervenção sensível do ser humano. E de forma coletiva, não esqueçamos: 

* Trabalhado apresentado à Profª Dra. Martha Copolillo, na Pós Graduação da UFF, em 2012.** Quem se interessar é só falar (deixe seu comentário ;) que envio o trabalho completo

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Controle ou Liberdade – Qual a nossa escolha?

Perspectivas Para a Educação Física Escolar

Controle ou Liberdade – Qual a nossa escolha?



Sobre a Importância da “Aula Livre
Em 1° lugar, um momento onde se pode proporcionar ao aluno, que ele escolha qual a atividade lhe agrada mais (algo que na maioria das vezes não é possível no ambiente escolar). 

Proposto este momento, o professor tem como observar “quem é o aluno”, ou seja, que comportamento este aluno apresenta (mais um aspecto que não é possível observar em atividades “controladas” ou muito direcionadas). Quem apresenta mais liderança, criatividade, agressividade, habilidade, dentre vários outros aspectos importantes de serem observados / descobertos.

Esta observação é fundamental para que conheçamos mais o nosso aluno, possibilitando um diálogo mais amplo, além de nos facilitar na escolha das atividades em outras unidades.

“Mas as escolhas dos alunos não são sempre as mesmas?”

A princípio pode-se pensar que sim (Futsal, queimado e pular corda), por questões de condicionamentos culturais e de influência da mídia.

Mas com o passar do tempo, percebe-se que as escolhas não são tão óbvias e atividades propostas anteriormente pelo professor, começam a estar presentes nas aulas livres (Pique-bandeira, Vôlei, Basquete, Karatê, Capoeira, são apenas alguns exemplos de atividades em que isso aconteceu na minha experiência), o que também não deixa de ser um segundo condicionamento, porém, mais interessante do ponto de vista da diversidade de movimentos vivenciados.

Outro fator muito importante: considero que o objeto de estudo e trabalho da Educação Física é o Movimento Humano. 

Propor, ainda que poucas vezes no ano (ou uma semana por mês, como tenho feito), uma “aula livre”, é propor que todos estejam em movimento (incluindo aí aqueles que normalmente não se interessam pela educação física).

Não podemos ter um discurso de “Educar para a Liberdade” se em nossa prática só propormos atividades controladas pelo professor, onde o aluno permanece a maior parte do tempo ‘sentado esperando sua vez’. 

Aula Livre não é sinônimo de  “Vale Tudo”, apesar de muitas vezes – para quem está de fora – parecer uma aula desorganizada. Citando um grande amigo: “É bagunça, mas é organizada”. E eu complemento: Organizada, Observada, com atenção e intervenção do professor em todo momento, mas com certeza com uma participação muito maior do aluno.

Utilização plena do espaço administrada pelos alunos e o respeito ao espaço do outro – onde termina o seu espaço e começa o do outro, seria outro fator importante a ser visto por nós. Possibilitar que o próprio aluno tenha autonomia para decidir como vai utilizar esse espaço e ao mesmo tempo, aprender a se organizar coletivamente para isso. Um exercício interessante se temos uma perspectiva democrática de escola.

Ampliando o debate:
Mas não podemos achar que a questão da liberdade na escola se encerra apenas na discussão aula livre x aula com comando.

O simples fato de precisarmos ‘batizar’ esse momento de ‘aula livre’, pode já querer dizer alguma coisa.

Talvez esteja mais do que na hora de começarmos a pensar a escola como um local onde podemos exercitar mais a liberdade e claro, sempre atrelada à noção de responsabilidade.




quarta-feira, 10 de julho de 2013

Apenas uma ProvocAção =]

Volta à Calma
Uma Necessidade real ou uma prática cultural?



Fazendo- se uma comparação com outras práticas culturais (Teatro, dança, música, espetáculos de forma geral) podemos estabelecer uma reflexão acerca da medida utilizada nas aulas de Educação Física Escolar e em atividades físicas diversas, denominada “Volta à calma”.
O argumento mais utilizado (no caso da EFE especificamente), é que devemos trazer o aluno de volta à calma para que ele retorne à sala de aula menos agitado.  Mas será que este ‘acalmamento’ tem que ser traduzido em forma de atividade? Ou seja, isto já não ocorre quando pedimos aos alunos que se sentem para “fazermos a chamada”, ou até enquanto ele está indo beber água, antes de se dirigir à sala de aula? E mais: Será que realmente esta prática da ‘volta à calma’, tem que ser uma regra obrigatória?
O paralelo com os espetáculos de diversão se dá ao vermos, por exemplo, o final de um show do nosso artista favorito: Será que este escolherá a música mais lenta, mais tranqüila, para que voltemos para casa ‘mais calmos’? Ou a música final será aquela que nos deixará com ‘gostinho de quero mais’ (seja ela lenta ou não); que nos fará ficar com vontade de voltar no próximo show?
Ao invés de pensarmos em volta à calma, poderíamos pensar em outros termos como: Culminância ou Ápice. O final de nossas aulas deveria ser ‘uma palhinha’* para que nosso aluno fique com vontade de voltar no dia seguinte. Aliás, isso deveria se estender a toda a Escola! Deveríamos pensar estratégias de motivar nossos alunos a quererem voltar para a escola no dia seguinte.
Pois se formos seguir o mesmo raciocínio – que diz que tenho que preparar meu aluno em minha aula para que ele chegue mais calmo em sala – então os professores de educação física terão também que exigir que os colegas de outras disciplinas façam o mesmo. Será que os professores de outras disciplinas estão preocupados em como os alunos saem de suas aulas?

A proposta que se faz com este escrito é que experimentemos ao menos uma vez que seja, em nossa aula, trocar esta ‘volta a calma’, por uma atividade ‘mais marcante’ (não excluindo a possibilidade de uma atividade mais calma ser tão interessante quanto outra qualquer). Mas que seja uma atividade que tenha como objetivo, estimular o aluno a querer voltar no dia seguinte.

domingo, 2 de junho de 2013




Olá Olá!!

Como combinado, a cada mês vou disponibilizar um escrito meu (ou de outra pessoa) que tenha  a ver com educação / educação física / arte e assuntos afins.

Se vc quiser acompanhar melhor, clique no botão "participar deste site", que fica à direita, em cima.
Grande Abraço, Marcel Cavalcante

Começo com meu artigo:

 "A CRIANÇA E O KARATE-DO: A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM"
Resumo: Muito tem se pesquisado na atualidade sobre a importância de se ter um olhar especial à criança. Contudo é possível observar que na práxis, este pensamento ainda não acontece de forma mais concreta. O presente trabalho tem como objetivo: demonstrar a importância de se ter um olhar diferenciado para a criança enquanto ser humano em formação, enfatizando-se o quanto a ludicidade pode e deve estar presente nas aulas de Karate[1]. Metodologicamente este trabalho pode ser considerado de revisão bibliográfica. Que este trabalho possa provocar uma reflexão sobre a importância de se lidar com a criança de maneira especial.

Palavras-chave: Criança – Karate-Do – Ludicidade – Ensino-Aprendizagem


Continua...
A CRIANÇA E O KARATE-DO (continuação)
Introdução
Muito tem se pesquisado na atualidade sobre a importância de se ter um olhar especial à criança, no sentido de não mais encará-la como um adulto em miniatura e sim como um sujeito com necessidades próprias, inerentes à sua idade. Contudo é possível observar que na práxis (Vázquez, 1990), este pensamento ainda não acontece de forma mais concreta. O que se percebe, são treinamentos intensos com um tempo de duração acima do indicado, para alunos que deveriam estar descobrindo através do lúdico, o prazer em se praticar uma atividade física. Talvez esta situação se apresente pela formação ainda deficiente dos professores desta modalidade. Infelizmente, muitos ainda vêem a formação em Educação Física como algo desnecessário.
O resultado deste panorama é a especialização precoce do indivíduo, limitando seu repertório psicomotor a movimentos condicionados e específicos do Karate de Competição, além do risco cada vez maior de lesões articulares, devido ao treinamento excessivo.
Este trabalho se propõe a demonstrar a importância em se respeitar a criança enquanto ser humano em formação, de maneira integral e ética, proporcionando a esta uma diversidade de atividades, jogos e informações apropriadas à faixa-etária, através da ludicidade e utilizando-se do Karate-Do como instrumento pedagógico para tal intervenção.
O Objetivo principal do presente trabalho é demonstrar a importância de se ter um olhar diferenciado para a criança enquanto ser humano em formação, enfatizando-se o quanto a ludicidade pode e deve estar presente nas aulas de Karate.

Metodologia

Metodologicamente este trabalho pode ser considerado de revisão bibliográfica, por terem sidos consultados diversos autores que escreveram trabalhos significativos nesta área, servindo de importante fundamentação teórica, contribuindo desta forma com uma reflexão mais aprofundada acerca do tema Ludicidade.



A CRIANÇA E O KARATE-DO (continuação 2)

O Caminho para a Consciência Crítica
Em alguns momentos, adotar-se-á o termo Karate-Do, ao invés de simplesmente Karate. O sufixo Do foi acrescentado por Gichin Funakoshi[1], fazendo com que a Luta ganhasse um significado mais amplo:
Do, que significa um “caminho” ou “via” para o aprimoramento pessoal, tem vida própria, quer seja o Do de Budo, “artes marciais”, ou o Do das várias outras artes. Precisamente por ter vida própria é que está sujeito ao ciclo inevitável de desenvolvimento e declínio. Ele está sempre mudando, mas só em sua forma exterior sua natureza fundamental permanece imutável. Se o caminho atrai uma pessoa para percorrê-lo, ele floresce; caso contrário, ele definha. O Caminho do Karate pode ser chamado com justiça de um Budo que se manifesta de forma nova e que busca zelosamente pessoas que por ele sigam (Funakoshi, 1988, pp. 11 e 12).

A partir desta mudança realizada por Funakoshi, as pessoas começaram a ter outra relação com o Karate. Começaram a enxergar que o mesmo não era só uma técnica de autodefesa, mas que poderia ser também “Um Modo de Vida” (Funakoshi,1975). Quando se abre espaço para um novo paradigma, inevitavelmente surgem a dúvida, a discussão e o questionamento diante da realidade (Freire,1979). E é justamente por este diferencial filosófico-crítico, que se faz urgente a mudança no que diz respeito ao trato com crianças.
Formulando-se uma hipótese sobre as causas do panorama atual, pode-se imaginar que historicamente, cada pessoa que ia formando-se faixa preta (no início do século XX), ao começar a ministrar suas aulas, de um modo geral, apenas reproduziam o que lhes fora ensinado por seus Sensei[2](professor).
No início, o público principal que frequentava os Dojo[3], era de adultos (homens na grande maioria). Com o tempo este público foi ficando mais diversificado e os pais começaram a matricular seus filhos, para “gastar energia” ou ainda, para “ganharem mais disciplina”. O problema se dá – provavelmente - quando este público muda, mas a metodologia de aula continua a mesma. Esta preocupação – em se ter um olhar diferenciado para o público infantil – só deve ter começado a aparecer no momento em que alguns praticantes de Karate se viram sob a necessidade de ter uma formação diferenciada, para tornarem-se professores mais bem preparados[4].
Ainda assim, o fato do praticante cursar uma faculdade de Educação Física, não garantiria que o mesmo tivesse uma consciência crítica diante da sociedade (Barbosa, 2007). Muitas vezes – ainda hoje - o professor é formado em Educação Física, mas continua apenas reproduzindo o que seu Sensei ensinou.
Deve-se buscar uma consciência crítica acerca da realidade que permeia todo este universo da luta. E ao transpor essa realidade à criança, que seja de forma única, como se a informação houvesse sido criada especialmente para ela.  Um professor que queira ministrar suas aulas para crianças deve ter consciência de que a ludicidade é uma estratégia fundamental e necessária – quase que obrigatória – para que sejam respeitadas as características do educando. Mas como nos diz Paulo Freire, essa tomada de consciência não é algo espontâneo. Há que se conquistar:
A conscientização implica, pois, que ultrapassemos a esfera espontânea de apreensão da realidade, para chegarmos a uma esfera crítica na qual a realidade se dá como objeto cognoscível e na qual o homem assume uma posição epistemológica. A conscientização é, neste sentido, um teste de realidade. Quanto mais conscientização, mais se “desvela” a realidade, mais se penetra na essência fenomênica do objeto, frente ao qual nos encontramos para analisá-lo. Por esta mesma razão, a conscientização não consiste em “estar frente à realidade” assumindo uma posição falsamente intelectual. A conscientização não pode existir fora da “práxis”, ou melhor, sem o ato ação – reflexão. Esta unidade dialética constitui, de maneira permanente, o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens. Por isso mesmo, a conscientização é um compromisso histórico. É também consciência histórica: é inserção crítica na história, implica que os homens assumam o papel de sujeitos que fazem e refazem o mundo. Exige que os homens criem sua existência com um material que a vida lhes oferece... A conscientização não está baseada sobre a consciência, de um lado, e o mundo, de outro; por outra parte, não pretende uma separação. Ao contrário, está baseada na relação consciência – mundo (Freire, 1979, p.15).

A partir desta tomada de consciência, é possível vislumbrar mudanças realmente significativas no processo ensino-aprendizagem.

Ensinar com Alegria

  Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais... (Alves, 1994, p.3).

Algo muito importante para se entender a dimensão do que trata este escrito, é ter consciência de que o conteúdo Karate, é coadjuvante neste espetáculo. Ou seja: O Ator principal aqui deve ser a criança (Sousa, 1985). Muitas vezes alunos são “moldados” para que executem determinada técnica com perfeição, quando o ideal seria que a técnica pudesse ser adaptada a cada criança que a experimentasse. Para que este processo se dê de forma verdadeira, é fundamental que o professor esteja aberto a ensinar com alegria:

Pois ser mestre é isso: ensinar a felicidade.  “Ah!”, retrucarão os professores, “a felicidade não é a disciplina que ensino. Ensino ciências, ensino literatura, ensino história, ensino matemática...” Mas será que vocês não percebem que essas coisas que se chamam “disciplina’’, e que vocês devem ensinar, nada mais são que taças multiformes coloridas, que devem estar cheias de alegria? Pois o que vocês ensinam não é um deleite para a alma? Se não fosse, vocês não deveriam ensinar. E se é, então é preciso que aqueles que recebem os seus alunos sintam prazer igual ao que vocês sentem. Se isso não acontecer, vocês terão fracassado na sua missão, como a cozinheira que queria oferecer prazer, mas a comida saiu salgada e queimada... O mestre nasce da exuberância da felicidade. E, por isso mesmo, quando perguntados sobre a sua profissão, os professores deveriam ter coragem para dar a absurda resposta: “Sou um pastor da alegria...” Mas, e claro, somente os seus alunos poderão atestar da verdade da sua declaração (Alves, 1994, pp. 7 e 8).

Acredita-se que através do jogo, da brincadeira, do exercício adaptado ao lúdico, a criança desenvolve suas potencialidades biopsicosociais de forma prazerosa, com alegria.

A Ludicidade e o Educador

Educadores, onde estarão? Em que covas terão se escondido? Professores, há aos milhares. Mas professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança (Alves, 1984, p.11).
Partindo desta diferenciação feita por Rubem Alves, torna-se mais simples tratar do tema ludicidade. Pois que para se lidar com ludicidade, não há espaço para preocupações com desempenho técnico perfeito, ou resultados em competições, ou quaisquer outras medidas exigidas pelo sistema capitalista de consumo dos dias atuais (Barbosa, 2007). Há que se ter um olhar mais sensível sobre o aluno. É necessário realmente ser um educador:
“O educador (...), habita um mundo em que a interioridade faz uma diferença, em que as pessoas se definem por suas visões, paixões, esperanças e horizontes utópicos” (Alves, 1984, p. 14).
Permitir à criança a experiência lúdica, ainda que em um espaço – o Dojo - em que se imagina que só caiba seriedade, exercício, técnica e repetição, é permitir que ela seja criança em sua essência. É permitir que se mostre ao mundo como ela é: seus sonhos, seu imaginário, seu verdadeiro eu, ao invés de mostrar somente obediência, disciplina e desempenho. Acredita-se que ao inserir o elemento ludicidade no contexto da luta, além do aprendizado se dar de forma facilitada, contribui-se ainda para que o aprendiz associe a atividade a algo prazeroso, divertido, fazendo com que a mesma fique registrada em sua memória afetiva de forma positiva (Stanislavski, 1976).
A Ludicidade, neste contexto, não se realiza como meio de entretenimento gratuito, como fuga da realidade. Ao contrário: serve para que se conheça mais a fundo o seu aluno. Para que se vivencie a corporeidade em sua plenitude e tudo o mais que nela esteja inserido, (Moreira, 2006). O educador então amplia ainda mais sua missão: Só ensinar o Karate não basta. É preciso que o educador o faça respeitando a fase de desenvolvimento em que seus alunos se encontram, suas particularidades enquanto crianças, o contexto atual em que vivem, seus projetos e sonhos, enfim: Que ele seja educador.

Considerações Finais
Não se propõe aqui a Ludicidade como elemento alienado ou alienante da realidade (Freire, 1979), mas como parceiro do conteúdo, como instrumento para um melhor entendimento e também para que o aluno vivencie diferentes situações em vários aspectos: cognitivo, psicomotor, afetivo e social.
Não se exclui também a possibilidade da competição, porém, esta será colocada de outra forma pelo professor: A competição aqui passa a ser um motivador, um dia de integração com outros praticantes, onde se pode estimular o sentido da auto superação e até mesmo de se saber como agir numa situação de estresse emocional. Sem a obrigação neurótica com a vitória a todo custo, a competição se torna também um instrumento pedagógico.
Que este trabalho possa provocar uma reflexão sobre a importância de se lidar com a criança de maneira especial: Com um olhar mais sensível, integral, ético e criativo. Que possamos proporcionar aos educandos o melhor de nós mesmos, fazendo de nossas aulas (sejam elas de Karate ou qualquer outra disciplina), um momento realmente significativo.

O corpo é o lugar fantástico onde mora, adormecido, um universo inteiro. Como na terra moram adormecidos os campos e suas mil formas de beleza, e também as monótonas e previsíveis monoculturas; como na lagarta mora adormecida uma borboleta, e na borboleta, uma lagarta; como nos sapos moram príncipes e nos príncipes moram sapos(...) Tudo adormecido... O que vai acordar é aquilo que a Palavra vai chamar. As Palavras são entidades mágicas, potências feiticeiras, poderes bruxos que despertam os mundos que jazem dentro dos nossos corpos, num estado de hibernação, como sonhos. Nossos corpos são feitos de palavras... Assim, podemos ser príncipes ou sapos, borboletas ou lagartas, campos selvagens ou monoculturas (...) os nossos corpos, ao nascer, são um caos grávido de possibilidades, à espera da Palavra que fará emergir, do seu silêncio, aquilo que ela invocou. Um infinito e silencioso teclado que poderá tocar dissonâncias sem sentido, sambas de uma nota só, ou sonatas e suas incontáveis variações... A este processo mágico pelo qual a Palavra desperta os mundos adormecidos se dá o nome de educação. Educadores são todos aqueles que têm este poder (Alves, 1994, pp.34 e 35).



Referências Bibliográficas
ALVES, Rubem – A Alegria de Ensinar – ARS Poética Editora - 1994.
ALVES, Rubem – Conversas Com Quem Gosta de Ensinar – Cortez
Editora – São Paulo, SP – 1984.
BARBOSA, Claudio Luis de Alvarenga – Educação Física Escolar: Da
Alienação à Libertação – Editora Vozes, Petrópolis, RJ – 2007.
BOAL, Augusto – Jogos Para Atores e Não-Atores – Editora Civilização Brasileira, Rio de janeiro, RJ – 1998.
BOAL, Augusto – Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas – Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, RJ – 1980.
FREIRE, Paulo – Conscientização: Teoria e Prática da Libertação;
Uma Introdução ao Pensamento de Paulo Freire - Moraes, São Paulo-SP, 1979.
FREIRE, Paulo – Pedagogia do Oprimido – Editora Paz e Terra, Rio de Janeiro – RJ, 1987.
FUNAKOSHI, Gichin – Karatê-Do Nyumon – Texto Introdutório do
Mestre - Editora Cultrix , São Paulo - SP, 1988.
FUNAKOSHI, Gichin - Karatê-Do – O Meu Modo de Vida – Editora
Cultrix, São Paulo, SP, 1975.
MOREIRA, Wagner Wei – Educação Física & Esportes – Perspectivas
Para o Século XXI – Papirus Editora, Campinas, SP – 2006.
SOUSA, Herbert. Como se faz Análise de Conjuntura: Vozes – Rio de 
Janeiro, RJ - 1985.
STANISLAVSKI, Constantin – A Preparação do Ator – Civilização
Brasileira, Rio de Janeiro, RJ – 1976.
VÁZQUEZ, Adolfo Sanchez – Filosofia da Práxis – Editora Paz e Terra,
São Paulo, SP, 1990.
VELTE, Herbert - Dicionário Ilustrado de Budô – Artes Marciais do 
Oriente – Ediouro, Rio de Janeiro, RJ, 1981.



[1] Gichin Funakoshi foi o professor que levou o Karate de Okinawa para Tóquio, fazendo com que a Luta ganhasse muita visibilidade. Ele é considerado por todos os praticantes, o “Pai do Karate Moderno”.
[2] Por tratar-se de um termo de origem japonesa, não se aplica o plural como na língua portuguesa, assim como as palavras ‘Kata” e “Dojo” (Velte, 1981).
[3] Dojo é a sala onde se treina a luta japonesa de um modo geral: Karate, Judo, Sumo, Aikido, dentre outras. Literalmente, Dojo significa “Local do Caminho”.
[4] E aqui não vai nenhuma crítica específica àqueles que continuaram  ministrando suas aulas sem ter a formação em Educação Física. É apenas uma análise sobre a realidade do Karate em nosso país.

sexta-feira, 17 de maio de 2013


E é seguindo Mestres como esse, que retomo (espero que de uma vez por todas!! rsrs) o rumo do blog.

Comecei a escrever ficção como havia prometido, mas não consegui seguir em frente ainda. Estou dirigindo um espetáculo teatral: "O Homem Integral - Para Joanna com Amor"*, com o Grupo Aprendendo com Arte.
Estou retomando aos poucos minha disciplina para voltar a escrever para produzir meu Trabalho de Conclusão de Curso na Uff, que trata sobre Criatividade, ao mesmo tempo que me desdobro para tentar ao máximo voltar para o Grupo de Estudos que faço parte na Uff (ELAC - Educação Física Escolar, Experiências Lúdicas e Artísticas e Corporeidade).
 E ainda ministro minhas aulas de Educação Física na escola e de Lutas no Clube Escolar (onde também participo de um grupo de estudos que trata de questões relacionas ao Esporte).

Diante disso tudo, cheguei à conclusão que não usarei este espaço sempre para "poetizar" ou dividir minhas "louquices diárias" e artísticas. Para isso fugirei para a página do facebook :

https://www.facebook.com/pages/Guerreiro-da-Paz/429381733800185


Dito isto, declaro que este espaço fica agora destinado para "arquivar" meus escritos sobre Educação Física, Karate, Teatro e Educação de um modo geral.

Espero poder dividir com vocês um pouco do que eu penso sobre tudo isso e ao mesmo tempo, para que fique registrado num só lugar.

Fiquem a vontade para tecer críticas, trocar ideias, dar sugestões e até elogiar!** (por que não? rsrs)

Um Grande Abraço a Todos! Oss!! Merda! Namastê! Axé!!



* Joanna de Ângelis.

** Essa do elogio, roubada descaradamente da minha companheira de ELAC: Mariana ;)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013




Na sua alma habita a calma
No coração a sagrada gratidão

Na tristeza há destreza 
No amor nunca há dor

No sermão, meditação
Na cura, doçura

Na alegria o universo contagia
No seu caminhar consegue flutuar 

Na beleza encontra a riqueza
No olhar um límpido transpirar

Na natureza encontra a realeza
No lugar do féu abriga o céu

Na voz reação feroz
No som encontrou o dom

No amanhecer, constante nascer
Na plenitude do seu viver não existe morrer


Cátia Alves
(RIO, 18/01/12 – 00:01)


Sismei que quero escrever..ferrou Oo


Paulo Freire, com certeza minha maior influência na Educação


Pois é...
Tempo atrás eu achava que quando alguém decidia escrever sobre algo, era por ter certeza (ou achar pelo menos) que tinha algo de muito bom pra contribuir com seus semelhantes.

Depois, lendo vários autores diferentes e quase que "ao mesmo tempo", percebo que quem escreve até pode achar isso - que tem algo a contribuir - mas que na verdade a coisa á mais urgente que isso.


Gichin Funakoshi - referência minha e de muitos outros no Karate-Do

Passa mais por uma questão de necessidade vital, pra ontem, de colocar pra fora o que se está sentindo, pensando, incomodando, deixando com a pulga atrás a orelha...

Claro que se a pessoa além disso tem a pretensão de achar que tem algo interessante a falar, melhor ainda - se realmente tiver rsrsrs - ou pior ainda se na verdade não for interessante o que tem a ser dito.



Carlos Drummond de Andrade e tantos outros que me inspiram e inspiraram a não parar de ler e de pensar! Viva a Poesia!

Mas quem define o "que é interessante" ou não ?!

Hoje acordei com a certeza que quero escrever: Sobre Karate, espiritualidade (não espiritismo necessariamente), educação, coisas que já faço um exercício tímido há algum tempo... mas a surpresa veio mesmo quando senti uma vontade súbita e quase inédita de escrever Ficção!

Claro, por que não? Já escrevi peças de teatro, na maioria infantis, porque tinha ainda a esperança de "ser montado" por algum grupo, Cia ou bom samaritano que visse em meus escritos algo de bom a ser colocado em cena. Mas nunca aconteceu do jeito q eu imaginava. E hoje isso não me frustra mais.

Mas me ocorreu o seguinte: E seu eu direcionasse essa vontade de escrever?

Bom...se as pessoas vão gostar ou não eu não sei rsrs Mas como a necessidade primeira é "botar no papel" o que está na cabeça, no mínimo vai valer como um belo exercício pra não enlouquecer ")



Augusto Boal, criador do Teatro do Oprimido, não só minha referência no Teatro (junto a Bertolch Brecht), mas sobretudo no que se refere à visão de mundo e sociedade.


Enfim, que eu possa dar vasão a tudo que me preenche a mente!!
E que vcs tenham paciência de ler tudo hehehee

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Passeio em família :)

  Nas Paineiras :)





Vídeo muito bom !!!

   Ken Robinson: Escolas matam a criatividade? [completo, legendado português]



Pra quem gosta de música: Zuim Podcast


Entrevistas, letras, histórias e muito mais!!

Vale a pena conferir:


http://www.zuim.org/

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013




      Karate Kid - Suite from the Original Motion Picture Score.AVI






           

THE KARATE KID 2 (1986) Soundtrack Score Suite (Bill Conti)


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Sê inteiro









Para ser Grande, Sê inteiro

Nada teu Exagera ou Exclui

Sê Todo, em cada coisa.

Põe quanto és no mínimo que fazes.


Assim, em cada lago a Lua Toda Brilha

Porque Alta vive.

                              Fernando Pessoa

Paz... é Você quem faz!


Todos sabemos que alguns locais próximos à natureza nos trazem uma paz muito grande, uma energia muito boa e não me canso de falar que sempre que possível, temos que buscar lugares assim.

Ainda assim, não podemos esquecer que algumas das maiores guerras se deram em campo aberto, em lugares lindos também... mas que se transformaram em campo de batalha.

Então, de nada adianta buscarmos refúgio na natureza, se nós mesmos não encontrarmos essa paz dentro da gente.

Tem gente que encontra na Religião, na Oração, no encontro com os amigos de uma mesma crença, esse sentimento bom que traduzimos como "paz interior".

Tem gente que precisa se isolar do mundo, ir pro alto da montanha e ver tudo do alto.

Tem gente que busca isso através do treinamento das Artes Marciais.

Todos os meios são eficazes, desde que não os transformemos em muletas.

Paz, é você quem faz (eu sei..parece aquelas chamadas da Globo de ano novo né rsrs frase feita...)

Mas se pararmos pra refletir só um pouquinho sobre nossas reações diante do outro, nosso comportamento no dia a dia frente a tudo o que nos traz estresse, o trocadilho ganha um significado maior.

Que comecemos essa semana com muita paz no coração, lembrando que o grande responsável por suas atitudes, é você mesmo!

Grande Abraço!!

Marcel Cavalcante