terça-feira, 15 de abril de 2014





Amig@s

Peço 2014 desculpas pela ausência no mês de março, mas é que realmente o tempo se tornou mais escasso por conta das tarefas do mestrado.

Quem sabe em um desses feriadões eu não consiga dividir com vcs algumas das minhas angústias, inquietudes e reflexões pedagógico-filosóficas?

Uma Páscoa de grandes reflexões a tod@s!!!

Marcel

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Educação Para Sensibilidade



Tão importante quanto a “Educação para o lazer” ou para a “formação do cidadão crítico e participativo”, seria o que poderíamos chamar de Educação para a Sensibilidade (ou para a humanização – embora não goste deste termo por considerar que ninguém se desumaniza por cometer atos considerados errados, mas creio que esta é outra discussão).
Trata-se de pensar uma formação que ao invés de prezar pela transmissão de vários conteúdos (hipervalorizando o aspecto cognitivo em detrimento de outros), teria como objetivo maior estimular os educandos a serem mais sensíveis, ou seja, com uma percepção emocional mais ampla não só relacionada às suas questões pessoais, mas também em perceber e compreender melhor o outro.
O que se pode observar atualmente, é um acúmulo de informações a serem memorizadas como se fôssemos máquinas (e não digo que a memória não seja importante, ao contrário, é muito importante, mas não precisa ser a única capacidade a ser estimulada), com um estímulo muito grande à competitividade e à encarar o outro como mais um adversário a ser derrotado, seja no campeonato da escola, no vestibular ou na vaga para o emprego “que paga melhor”. Longe de achar que se qualificar não seja algo importante, mas não podemos perder de vista a urgência em se vislumbrar o desenvolvimento intencional (isso faz toda a diferença), da sensibilidade de nossos educandos.
O que nos leva à outra necessidade: a de nos sensibilizarmos também.
Trabalhamos numa perspectiva fabril, industrial, onde temos que dar conta do máximo de informações no mínimo tempo possível. Isso nos empurra para um ritmo e um estilo de vida que nos aliena[1] pouco a pouco e vai se incorporando à nossa cultura.
Quando nos vemos temporariamente livres desse momento de opressão que se tornou nossa rotina, queremos relaxar e somos educados ao longo de anos e anos para gostarmos do entretenimento mais “fácil de digerir”, que não nos faça pensar, sentir, que não nos provoque o íntimo, ou seja, que apenas nos sirva de entretenimento.
Sem nos apercebermos disso, vamos escolhendo sempre os mesmos formatos de filme, música, peças de teatro, dentre outras coisas.
Um filme mais “artístico”, que busque ser mais sensível, acaba interessando apenas a pequenos grupos específicos de profissionais ou amantes da arte.
Buscar uma educação para sensibilidade, também seria uma forma de contemplar aqueles educandos que já são mais sensíveis que a maioria e que normalmente são excluídos e ridicularizados pelos demais, por não conseguirem se adaptar ao sistema vigente (de fábrica, produção, alienação).
Tão importante quanto saber “o que o autor tal quis dizer com tal poema”, é antes disso, proporcionar que o educando leia poemas, se aventure a escrever poemas, aprenda a gostar de poemas (aliás, não só de poemas, mas de tudo que diz respeito a uma visão mais poética da vida).
Uma pessoa com um raciocínio industrial, bancário (como diria Paulo freire), diria que tudo isso só servirá “a quem quer ser poeta, ou artista”. Uma educação para a sensibilidade ou, melhor ainda, para a sensibilização do ser humano, entenderia que poesia, música, dança, arte de modo geral, bem como toda e qualquer manifestação da cultura humana nascida de um momento de inspiração[2], é algo que deve fazer parte do cotidiano de todo ser humano.
Quem sabe se com essa educação não formaríamos cidadãos não só mais sensíveis, mas também mais felizes (?).




[1] O termo Alienação é empregado aqui no sentido utilizado por Marx. “Um estilo de vida que nos aliena“, neste caso, refere-se a um estilo de vida que não nos permite usufruir dos produtos resultantes do nosso próprio trabalho ou esforço pessoal.  
[2] É claro que Arte não se resume à Inspiração e há quem diga que esta só aparece para quem trabalha muito. Talvez só o termo inspiração seja motivo para outro escrito mais aprofundado. Mas o caso aqui é apenas de atentar o leitor para a sensibilização ao olhar uma manifestação da cultura humana.

domingo, 12 de janeiro de 2014

A Arte de Ensinar / Educar

"Educar é ser um artesão da personalidade, um poeta da inteligência, um semeador de ideias."
                                                                                                                      Augusto Cury
 Sobre ensinar e educar:
"Professor(a) ensina, pai e mãe educam", dizia uma camisa pendurada num stand da Bienal. Será?
Mesmo entendendo o contexto em que tal frase é formulada (no sentido de que as crianças estão chegando à escola sem referências básicas da boa educação, àquela que vem de casa), olhando um pouco mais profundamente, perceberemos que tentar dissociar um termo do outro, não passa de uma tentativa ilusória de brincar com as palavras, pois que quando ensino algo a alguém, o faço com uma intenção e nisso está implícito o ato de educar. Quando me preocupo em educar (meu filho ou meu aluno) não consigo tirar disso um ensinamento, uma instrução. Ou seja, querer separar, ou ainda valorizar um termo em detrimento do outro, é fragmentar ainda mais o que chamamos de Educação, seja na escola, ou em casa.

Neste sentido, tratarei neste escrito com o termo "Ensinar/Educar" por não conseguir dissociá-los verdadeiramente e por ter uma visão de que nossa sociedade deveria e poderia ser mais integrada.

Gosto muito da ideia de tribo (apesar de saber de vários rituais específicos de algumas tribos onde crianças são submetidas a provas - para nós - absurdas); mas me refiro a uma história em especial: Onde cada adulto da tribo é responsável por todas as crianças. Desta forma, os pais sabem que mesmo que estejam ocupados em seus afazeres diários, alguém estará junto a seu filho e mais: ensinando algo para sua formação. O aprendizado é contínuo, não tem hora pré determinada. O conhecimento é algo vinculado à vida diária, das coisas que se referem à sua tribo. Ainda assim, isso não exime os pais de sua responsabilidade.

Desse modo, reformulando a frase que usei ainda pouco: "Professor(a) ensina/educa, pai e mãe educam/ensinam".

Quem não guarda com carinho aquele momento especial em que o pai ensinou a andar de bicicleta ou a soltar pipa? Ou ainda quando a mãe explicou como misturar determinados ingredientes para se fazer aquele bolo tão gostoso? Na vida, ensinar e educar não se dissociam um do outro e quase sempre vem acompanhados de uma boa dose de afetividade, seja boa de recordar, ou aquela que você quer esquecer a todo custo.




Sobre a arte que é ensinar/educar:
 Todos somos capazes de ensinar algo a alguém. Disso ninguém discorda.  Mas ensinar/educar sistematicamente, para várias pessoas ao mesmo tempo e tendo a noção de que cada pessoa apreende a informação de um modo diferente, é algo que demanda estudo e dedicação. Transformar o ensinar/educar em profissão. Talvez  a valorização do professor tenha relação com a quebra deste paradigma de que 'ensinar é fácil ou que é algo que qualquer um pode fazer', independente de formação, estudo e dedicação específicos para tal atuação. Não se trata de nos apropriarmos do ato de ensinar/educar, isso é direito de todos. Mas de elevar este ato à um nível sistematizado, ou ainda: uma Arte.

A Arte de ensinar/educar se refere a valorizar o ato em si, o momento de aula, a relação com o(a) aluno(a); aquele momento específico em que você transmite uma informação, muitas vezes de forma "apaixonada" (pelo conhecimento ali abordado) e ao mesmo tempo, prestando atenção se o(a) aluno(a) está receptivo ao ensinamento. Demanda sensibilidade, estudo e dedicação.

Segundo Marilena Chauí, a palavra Arte é derivada (em grego) do termo Técnica. Neste sentido, desenvolver-se em qualquer arte, passa por desenvolver-se tecnicamente. Se quero aprender a tocar violão, meu professor me ensinará alguns acordes e cabe a mim repeti-los o máximo que eu puder, para que quando chegue à próxima aula, eu possa continuar a lição, aprendendo novos acordes.

Se quero fazer teatro, mas não me dedico a entender o texto, memorizá-lo, seguir as marcações pedidas pelo diretor, não conseguirei chegar ao nível da criação, que obrigatoriamente precisa de uma base anterior para surgir.

 Qualquer coisa que queira se dizer Arte, tem que possuir determinadas características e passar por determinados processos*:

1º - Técnica (Observação/constatação); 2º - Aprendizado da Técnica; 3º  - Apropriação da técnica; 4º - Treinamento da Técnica até que se torne "orgânica"; 5º - "Transcendência" da técnica (ou pelo menos da execução de forma consciente); 6° - Relação com outras vivências; 7° - Criação.

Ou se quisermos resumir em três passos:
1° - Assimilação / Reconhecimento da Técnica;
2° Adaptação / Treinamento sistemático / Disciplina.
3° - Transcendência / Relações / Criação / Feed back

Ou seja, mesmo que todo ser humano seja capaz de ensinar algo a alguém (e é mesmo!), fazer disso sua profissão e mais, sua Arte, eleva o ato de ensinar/educar a outro patamar e exige estudo e dedicação específicos para tal.  Não digo isso para que fiquemos soberbos ou corporativistas, mas para que aprendamos a nos valorizar,   reconhecendo-nos como verdadeiros artistas do ensinar/educar que somos.

 * Nota:  Esta divisão não é rígida, nem segue a um autor específico. Refere-se a um misto de vivências e estudos pessoais ao longo dos anos, de observação e experiências minhas como ator, diretor , preparador corporal e autor teatral.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Sobre os pequenos detalhes


Tentei desligar a luz interna do espelho do banheiro, enquanto segurava um livro (O vendedor de passados, de José Eduardo Agualusa), gesto que nunca havia feito. Resultado: Não conseguia apagar, até que tive que trocar o livro de mão, olhar para o botãozinho (que na verdade está mais para uma pequena alavanca) para só então perceber que para ser desligado, ele deveria ser empurrado da direita para esquerda.

Há quantos anos repito esse gesto (sem o livro, que fique claro), de ligar e desligar a luz e nunca havia reparado neste detalhe ?! A ponto de não saber responder, caso alguém viesse me visitar e me perguntasse: _ Pra que lado se move a pequena alavanca quando você quer desligá-la? (É óbvio que isso nunca vai acontecer, mas caso aconteça, agora já sei!).

Na verdade só usei esse 'causo' porque foi o que me fez refletir sobre essa questão de nos tornarmos mais atentos aos detalhes à nossa volta. Quantas e quantas coisas vamos automatizando à nosso redor, sem ao menos nos apercebermos disso?

Outra experiência, que quem sofre do mesmo mal que eu vai entender, que me fez prestar mais atenção aos pequenos detalhes, foi a primeira vez que tive uma crise de dor na coluna, em que eu não conseguia ficar de pé, sentado, abaixado e só o que me restava, para sentir um pouco menos de dor, era ficar deitado.

Mas mesmo deitado, quando estamos com muita dor, temos que mudar de posição e a cada virada ou mexida, por mais boba e sutil, eu ia "à lua" - pra usar uma expressão comum a quem já passou por qualquer dor aguda. Mesmo não querendo você começa a perceber, por exemplo, que partes do corpo você tem que movimentar, ainda que com cuidado, para mudar de posição ou até levantar, de forma que sinta o mínimo de dor possível. Você descobre que se apoiar em locais de sua casa que você nunca nem chegou perto, pode ser alternativa interessante para te ajudar a se locomover.

Yochi Oida - Ator e Teórico Japonês - descreve em sua obra "O Ator Invisível", a importância de redescobrirmos pequenos detalhes, usando o exemplo do espadachim ou samurai, que descobre que o simples fato de fechar com mais força o dedo mindinho ao segurar o cabo da espada, fortalece e dá mais segurança à sua empunhadura. Curioso que sou (digo, cientista, pesquisador) testei a mesma técnica no soco executado na prática do Karatê, para descobrir / constatar com muita alegria que realmente a técnica se aplicava também ao fechar a mão do Karatê.

Outro aspecto que podemos vislumbrar envolvendo essa questão dos detalhes e tem muito a ver com essa coisa de Natal, Ano Novo, reflexão e melhoramento de sua própria conduta moral, etc, é o quanto nossa vida corrida e frenética, aliada à uma quantidade absurda de estímulos externos, nos leva a ficar menos sensíveis aos detalhes de nossa própria vida, ou como algumas pessoas preferem: "Às pequenas coisas da vida".

Pode parecer bobo, piegas, mas creio que temos que resgatar cada vez mais a nós mesmos, nossa essência. Valorizar mais as pessoas e menos as coisas / objetos. Nos espiritualizarmos mais, no sentido do desapego material, da valorização da vida, das palavras e ações de bem e de tudo que nos traga paz e harmonia íntimas, não só alegria efêmera, momentânea e quase ilusória, de euforia barata.

Que o espírito do Natal possa nos envolver em bençãos de Luz, para que nos tornemos seres humanos melhores para todos os que estão à nossa volta.

"Fazer o bem sem olhar a quem" só é cafona para quem só pensa em si mesmo (que tem o umbigo como centro do universo, como bem diria Yemna), ou prefere ainda não olhar para o lado.

Estamos longe de vivermos numa sociedade justa. Então que comecemos por nós mesmos, pelos que estão perto de nós e claro, sem esquecermos os detalhes...e por falar em detalhes importantes: Nessa data celebramos o nascimento de Jesus, a fraternidade e o amor ao próximo :)

"Seja a mudança que quer ver no Mundo" já dizia "Grande Alma" Gandhi.

Feliz Natal!!!!!!!

sábado, 23 de novembro de 2013

A Diversidade Dentro e Fora do karatê: é necessidade do ser humano tentar padronizar o outro?

É interessante observar o quanto algumas pessoas insistem com veemência na atitude de padronizar (ou ao menos tentar padronizar) o comportamento, a vestimenta e (o mais perigoso) o pensamento do ser humano.
Será isso resquício de uma cultura militarizada-militarizante? Ou será que passa por uma insegurança psicológica (levando-se em conta a relação entre autoritarismo e insegurança)?
Ainda assim, pode-se observar também que todas estas tentativas de padronização são infrutíferas, se optarmos por sair dos aspectos superficiais e aprofundarmos um pouco mais, considerando não só o modo de vestir e falar, mas todo o comportamento que envolve o ser humano.
Por mais que se queira fingir que somos iguais, há uma gama de diferenças que não só podem ser consideradas muito positivas (tudo depende de sua visão de mundo: se você é um dos que deseja ver todos usando o mesmo UNIforme, provavelmente não verá muito de positivo nessas diferenças), como nos faz seres únicos, insubstituíveis, inigualáveis e por isso mesmo, fundamentais para construção de uma sociedade mais justa e que leve em conta a diferença como fator primordial para o entendimento do ser humano.
 Olhando mais especificamente para o caso do Karatê, onde há uma tentativa constante em incluir a atividade nos Jogos Olímpicos, uma série de medidas vem sendo tomadas ao longo dos anos pelas instituições internacionais, para que o “Esporte Karatê” se torne mais dinâmico, interessante tanto para o atleta, quanto para o público. Pode-se dizer inclusive que neste sentido tem-se alcançado algum êxito, considerando-se que as lutas de competição tornaram-se mesmo mais dinâmicas, ricas em termos de movimento e mais atraentes para o público (lembro agora do Pan Americano de 2007, no Rio de Janeiro, onde pude assistir e torcer muito para Juarez Silva, Douglas Brose, Lucélia Ribeiro, Carlos Lourenço, dentre outros, num ginásio lotado por um público em sua maioria de praticantes de Karatê).

Porém, por mais que se tente padronizar, seja porque motivo for, sempre haverá a sombra do fracasso. Por um motivo simples: É impossível! O que no caso do Esporte de massa se torna interessante, pois é justamente quem sai da padronização, ou seja, quem faz diferente dos demais, é que aparece para o grande público, tornando-se o “criativo”, “inovador”, etc.
No caso do Karatê de competição podemos lembrar de nomes como Douglas Brose (dentre outras coisas, campeão mundial em 2010), Lucélia Ribeiro (única mulher a conseguir ser Tetra campeã Pan-Americana), Ciça (Campeã Mundial em 2008) e até os internacionais Agayev, Piná, Valdesi (dentre tantos outros). Todos atletas de altíssimo nível, que treinaram exaustivamente suas técnicas, seguindo todo um padrão de treinamento. Mas seu diferencial, ou seja, o que os fez destacarem-se dos outros (que muitas vezes treinam tanto quanto eles), foi sua criatividade, sua capacidade de fugir do padrão na hora certa, seu improviso.
Podemos considerar até que uma coisa não é possível de existir sem a outra: para que alguém fuja de um padrão é necessário que o mesmo exista. E se todos começarem a fugir de determinado padrão, para mostrarem-se criativos, este acontecimento, por si só, também será um novo padrão.
Mas então, se sempre teremos um padrão presente, qual a importância em se querer que não sejamos padronizados?
Os padrões existem e fazem parte da natureza: todos os seres humanos respiram, veem, ouvem e falam utilizando-se dos mesmos meios, dos mesmos órgãos. Isso é um padrão natural. Porém, quando você treina um atleta para respirar “mais forte pela boca”, seguindo determinado ritmo, você está criando um padrão condicionado, que não acrescenta nada (ou muito pouco) à vida daquele sujeito, principalmente quando este condicionamento está relacionado com ganho de medalhas, moda do momento e / ou reprodução de um modelo de competição.
Ouvi muitas vezes o argumento de que o “karatê tem que ser um só. Enquanto estiver assim, cheio de estilos e federações, vai continuar dividido”. O que geralmente respondo a essas pessoas é que o Karatê já é um só e que não é o fato de terem diversos estilos, federações ou regras distintas, que fará com que ele torne-se mais de um.
O planeta Terra deixou de ser um quando se dividiu em cinco continentes? Cada continente possui sua língua, cultura e modos de vida distintos uns dos outros – sem dizer que dentro de um mesmo continente existem várias línguas, culturas e modos de vida diferentes – e a meu ver, uns tão importantes quanto os outros. E nem por isso o ser humano, espécie homo sapiens, deixou de ser um só. Magda Soares faz uma relação semelhante reportando-se à cultura e ao tratamento que damos ao diferente:
“O que se deve reconhecer é que há uma diversidade de “culturas”, diferentes umas das outras, mas todas igualmente estruturadas, coerentes, complexas. Qualquer hierarquização de culturas seria cientificamente incorreta” (SOARES, 2008, p.17).
Lembrando Funakoshi em “Karatê-Do – Meu Modo de Vida” (1975), ele nos diz que se for para falar em estilos, teremos que levar em conta que cada pessoa tem um estilo próprio, único, de forma que duas pessoas, mesmo que sejam “do mesmo estilo”, aprendem e reproduzem de modo diferente o que vivenciaram. E anos mais tarde ao serem perguntadas sobre o mesmo fato, é bem capaz de cada uma destacar um detalhe diferente, pois até a forma de viverem uma situação é diferenciada, individualizada.

Desta forma, querer padronizar o ser humano de maneira condicionada, será sempre um exercício vão, pois o mesmo sempre encontrará formas de se expressar autenticamente, unicamente e de um jeito que nenhum outro ser humano foi capaz de fazer.
Ainda assim, encerro este escrito com um cumprimento padrão: Osu! (Mas ao fazê-lo, fique a vontade para se inclinar mais ou menos, olhando para frente ou abaixando a cabeça. No fim, quem decide é você).

domingo, 6 de outubro de 2013



O Sentido de Ser Educador: pequenas coisas do dia a dia que te pegam de surpresa e fazem refletir.[1]
Marcel Cavalcante de Souza

Resumo

Ensinando meu filho a mexer no celular ou ainda explicando a ele o porquê da greve, resgato quase magicamente o sentido essencial que me levou a escolher essa profissão tão difícil e apaixonante ao mesmo tempo. Estar atento à curiosidade e necessidade do outro é um exercício fundamental, que o dia a dia massacrante da sobrevivência aliada ao estímulo ao acúmulo de bens, nos faz esquecer, coisificando o ser humano, tentando transformá-lo em homem-máquina. 

É preciso respirar fundo, rever convicções e lembrar o que te movia quando escolheu ser educador. Mais do que estar preocupado com conteúdos ou técnicas específicos, resgatar a sensação boa dentro do peito ao perceber que o educando compreendeu o que você disse. 

Várias são as pessoas que me influenciaram diretamente para eu me tornasse um educador. A primeira delas foi minha mãe. Lembro com carinho também de Sensei Pezão (meu professor de Karatê). Recordo outro mestre importante nessa ‘jornada pedagógica’: Professor Claudio Guiot-Rita. Foi meu professor de teatro no 2º grau (ensino médio) no Colégio Estadual Visconde de Cairu (Méier). Na faculdade também são muitos os mestres, mas se posso ter a ousadia (quase indelicadeza) de citar apenas uma pessoa, tenho que falar da Professora Doutora Ângela Bretas. Ao ingressar na Pós Graduação, tive mais uma vez a honra de ter ótimos professores. Impossível destacar apenas um. 



O interessante é que cada aprendizado que recebi, carrego comigo para minha práxis. Se hoje posso me considerar um cidadão crítico e participativo na sociedade em que vivo, devo muito a essas pessoas, sem menosprezar, claro, tantos outros (as), que direta ou indiretamente influenciaram-me como educador.





[1] Relato de experiência, reflexão, desabafo emocional? Não sei ao certo como definir este escrito, mas neste momento isso também não importa tanto assim.

OBS: Quem quiser ler o relato completo é só me avisar ;)

cavalcantedesouza@gmail.com  ou deixando um comentário ;)

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A Construção do Conhecimento com o Outro: Diálogo e Afetividade na Relação Professor-Aluno*



RESUMO AMPLIADO**

         Em 2010 escrevi um artigo intitulado “O Karate-Do e a Criança: A Importância da Ludicidade no Processo de Ensino-Aprendizagem.” O mesmo foi apresentado no evento denominado “Jornada Pedagógica”. Nesta ocasião, ao montar o “power point” para a apresentação do trabalho, não senti necessidade de utilizar fotos das situações vividas em aula. Quando descobri que este mesmo artigo havia sido aceito para ser apresentado na I Semana Acadêmica do IEF / UFF -2012, ao mesmo tempo em que fiquei feliz, me vi preocupado com o pouco tempo para me preparar. Após revisar o artigo diversas vezes e repassar a ordem de apresentação no “power point”, diferente do que ocorreu em 2010, senti que o trabalho estava incompleto, que faltava algo muito importante. Ainda diante deste pensamento, percebi que nada poderia ser mais representativo para expressar tudo o que queria dizer, do que acrescentar imagens daqueles que eu considero os grandes responsáveis por eu chegar a falar sobre o assunto: meus alunos. Então, imediatamente fui rever várias fotos que tenho guardadas em pastas no meu computador, passando em minha mente, em poucos segundos, por um filme de várias situações, dias marcantes, pessoas inesquecíveis e inevitavelmente, de pensar como estão estas pessoas hoje? O que estarão fazendo? O Karatê ensinado por este professor que vos fala realmente fez diferença na formação destas pessoas?  Perguntas essas que não precisam, necessariamente, serem respondidas; se considerarmos que o mais importante foi: a convivência e o aprendizado mútuo com essas pessoas. Não é um processo unilateral nem simples, mas dialético. Ensinar enquanto se aprende; aprender enquanto se ensina (FREIRE, 1987); tanto eu quanto os educandos fomos construindo pautados por nossa paixão pelo saber, pela troca, pela vontade de aprender mais, pelos laços afetivos formados durante o processo e em toda convivência no decorrer do ano letivo.


Essas pessoas, personagens, Personas (STANISLAVSKI, 1976), não passaram impunes em minha vida – ou será que fui eu que não passei impune na vida deles(as) ? – com certeza contribuíram para o meu ‘ser educador’ (ALVES, 1984), e agora nada mais justo que estarem juntos também na apresentação deste trabalho, que neste sentido, deixa de ser só meu e passa a ser deles(as), passa a ser nosso, porque:
“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais...” (ALVES, 1994, p.3).


         Este trabalho trata disso: do quanto é importante para nossa prática pedagógica e nosso crescimento humano, a presença da afetividade, do ouvir e se relacionar com o outro e mais: que não há conhecimento significativo sem a intervenção sensível do ser humano. E de forma coletiva, não esqueçamos: 

* Trabalhado apresentado à Profª Dra. Martha Copolillo, na Pós Graduação da UFF, em 2012.** Quem se interessar é só falar (deixe seu comentário ;) que envio o trabalho completo